"Eu já dei risada até a barriga doer, já nadei até perder o fôlego, já chorei até dormir e acordei com o rosto desfigurado. Já apertei campainha e sai correndo e já fiz bolas de chicletes e melequei todo o rosto. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés para fora. Já passei trote por telefone e já tomei banho de chuva. Já roubei beijo, já confundi sentimentos, peguei atalho errado e continuei andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de brigadeiro e já me cortei fazendo barba apressado. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que são essas as mais difíceis de se esquecer. Já subi escondido no telhado para tentar pegar estrelas, já subi em árvores para roubar frutas e já despenquei lá de cima dos galhos. Conheci a morte de perto e agora anseio por viver cada dia. Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa para sempre, e voltei no outro instante. Já sai para caminhar sem rumo, sem nada na cabeça ouvindo estrelas. Já corri para não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi e vejo DEUS, nas pequenas coisas da vida. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já olhei a cidade de cima sem encontrar o meu lugar. Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente para ver de pertinho o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei de correr descalço na rua, já gritei de felicidade. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre, era um “pra sempre” pela metade. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é assim mesmo, um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos escritos, emoções fotografadas pelas lentes da emoção, guardados a maioria das vezes num baú, chamado coração. "
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